sábado, 24 de novembro de 2018

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 E de repente, tudo pára. O mundo pára. Tu paras. De repente, tudo muda e tu não te mexes. Só te perdes, dentro de ti. Tudo fica preto, tudo fica vazio e tu deixas de sentir que existes, porque simplesmente cais nesse vazio e ele apodera-se de ti.
 Acho que é o que acontece quando te entregas a alguém, sobretudo com toda a tua alma e de repente essa entrega se perde. Se vai. O que sentes dentro de ti, que não consegues pôr palavras, por mais que tentes descrever, torna-se um buraco negro que te consome. E o fim do mundo acontece em ti enquanto ficas simplesmente ali parada no tempo. Enquanto bebes o chá de manhã e ficas a olhar para o infinito. Dás por ti estagnada, em que a única coisa que acontece são as lágrimas escorrerem-te pela face, enquanto te questionas se algum dia irás ficar bem. Se algum dia irás recuperar de algo que nunca quiseste imaginar e tão pouco aceitar.
 Porque a verdade é que nunca estamos preparados para quando damos tudo de nós a alguém, se esse alguém um dia se vai, ficamos sem nada. E por mais que a vontade de não continuar, de simplesmente ficares deitada a deixar os dias passarem, seja enorme... não tens hipótese senão continuares, por mais que doa. Por mais que dentro de ti, tudo o que reste, seja um buraco negro no qual te perdes e não tens capacidade nenhuma, nem vontade, de te voltares a encontrar.
E depois de tudo, a minha questão é: o que acontece a todo o amor que sentimos por uma pessoa quando as « divergências» da vida a tiram de nós?

sexta-feira, 30 de março de 2018

Meu amor,

A ti que me dás a dita paz que o mundo me tira, fica. Fica hoje, fica amanhã. Fica todos os dias. A ti que me mostraste que afinal pode dar certo, sim. A ti que, mais do que te pedir para ficar, me fazes querer ficar sempre, sem uma única hesitação. A ti que fazes o tempo voar e até mesmo a mim, sem que tire os pés do chão. A ti que fazes a distância significar absolutamente nada. A ti que puxas sempre pelo melhor de mim e que quando vês o pior não foges. A ti que me mimas como nunca antes ninguém me mimou, que cuidas de mim como nunca antes ninguém cuidou, que me abraças como ninguém antes abraçou, que amas como ninguém antes amou. A ti que me tiras os medos, excepto o de te perder. A ti que fazes a saudade bater como nunca antes bateu. A ti que não me dás medo do futuro a dois, mas só vontade. A ti que me despertas a ânsia de viver, o desejo de (te) sentir e o querer(-te) sempre mais, sem fim. A ti que fazes o amor valer mais do que a pena. A ti que vives em Marte, só te digo: ainda bem que existes e ainda bem que eu te encontrei no meio de todo este universo.
Amar-te nunca será suficiente para o que sinto. E nem todo o tempo de mundo chegará para te demonstrar isso, mas ainda assim tentarei sempre. 
Porque nada faz mais sentido do que isto, do que nós.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Alien

 E não soubesses tu parar o tempo enquanto te olho e me perco profundamente. E não soubesses tu silenciar o mundo a cada beijo, ou fazer com que ele não exista em cada abraço.
 Não soubesses tu aceitar-me do jeito que sou, mesmo com todos estes traumas e estes medos, e ainda assim fazeres-me sentir segura como ninguém. 
 E não soubesses tu fazeres-me amar-te como nunca amei, entregar-me como nunca antes me entreguei e fazeres-me querer ficar como nunca fiquei.
 Amar-te tanto. Querer-te tanto. Desejar-te tanto.
 (És tão surreal que eu realmente chego a acreditar que não és deste planeta.)
 E ainda olhar-te ao longe e sentir todos os meus átomos a chamarem por ti, como se te pertencessem. Como se eu te devesse ter pertencido sempre.
 E tu sabes que não há nada que eu queira mais neste momento do que te ter. Porque a cada dia que te tenho, quero-te sempre um pouco mais e mais e mais. Como senão houvesse fim - e eu não quero que haja.
 Tu, que vicias mais do que droga, e eu, que sou uma drogada por ti, peço-te que não te tires de mim, porque tenho a certeza que não há reabilitação que me salve. 
Ficares nunca vai ser demais. Por isso, não te importes de ficar por hoje, por amanhã e por todos os "amanhãs" que se seguirão.
 Aceitar namorar contigo todos os dias da minha vida. Ser tua todos os dias da minha vida. Amar-te todos os dias da minha vida.
Ter-te e pertencer-te... a melhor definição de ser feliz.
Haverá sorte maior que esta?
(Não!)

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Nothern Lights

E aqui estou, mais uma vez, com o coração partido.
Este era um amor impossível, sabes?
Era daqueles que dava tanta vida, que dava tantos sorrisos, tantas asas à imaginação e do nada só se viu o mundo através de lágrimas.
Era um amor platónico, mas era um amor que fazia feliz, que preenchia, que aquecia. Era um amor de amizade e pouco mais, e esse pouco mais era só meu. Tentei lidar com ele, tentei carregá-lo sem criar estragos... até hoje.
Hoje deitei tudo a perder. Hoje lancei a bomba, disse o que mais valia ter ficado enterrado algures num diário ou num papel ardido ou deitado ao lixo. Tudo porque preferia que nunca tivesses mudado, mas sempre na esperança que as coisas poderiam ficar melhores. 
Senti que perdi uma parte de ti, de um segundo para o outro. Uma essência que era tão tua e que fazia de ti tão tu aos meus olhos e eu estou tão arrependida...
Agora sinto que voltei ao início. Sinto que não sei o que dizer. Sempre com medo de dizer algo errado. Sempre sem jeito.
Já nem sentido faço. E tenho medo de já não fazer sentido para ti.
Sinto que acabamos aqui algo que nem começou.
Hoje começo do zero. Hoje desconheço-te.
Quero desabar. Quero que me abraces.
Quero desaparecer. Quero ficar.
Não suporto a ideia de não te ter.
Não sei lidar com isto dentro de mim.
Fica comigo.
E desculpa.

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Tempestade

Está a chover lá fora e a única coisa que eu consigo pensar, enquanto vejo aquelas pequenas gotas a cair, é em ti.
No mistério que és. No quanto a tua presença me intimida. No quanto pareces ser tão segura de ti, que me fazes ficar cada vez mais insegura de mim.
A ti, que me apetece mostrar o melhor do mundo e percorrer contigo pedaços dele... não consigo fazer nada.
Tu que me despertas todos os sentidos, me fazes sentir viva e ainda assim me deixas estática quando estás por perto.
O que é isto?!... Este medo de arriscar, medo de dar um único passo, fazer um único gesto, sentir um único toque... receio de me atirar ao desconhecido, a ti.
É como se o teu toque fosse dar choque e eu tivesse medo de o apanhar.
Dás-me medo de te perder quando eu nem sequer te tenho.
És um livro inteiro que eu quero ler do início ao fim, cada capítulo, palavra por palavra, fazer a pausa a cada vírgula, a cada ponte final, a cada parágrafo. As partes boas, as partes más. Quero vivê-lo.
Quero viver-te, conhecer-te, sentir-te. Quero ter-te mesmo que não te tenha. Descobrir-te.
Mas, a verdade é que, o meu querer não é tudo.
Podíamos formar a tempestade perfeita, mas tu tens medo de fazer estragos.
E a verdade é que lá fora está a chover e tu não estás aqui.

JUN2003-NOV2017

Porque de tudo o que a vida me deu, foste o melhor. E de tudo o que a vida me tirou, foste o pior.Obrigada por teres sido o melhor ser do mundo inteiro e companheiro mais incrível de todo o sempre.

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Buddy

Ver o teu tórax a expandir a cada inspiração que fazes. Ainda respiras, ainda estás aqui.
Temo por todas as vezes que subo as escadas do prédio e não te ouço a miar quando estou a chegar à porta, ou quando a abro e tu ainda não estás lá, todo ansioso pela minha chegada.
Noites difíceis, noites longas, noites intermináveis em que o descanso fica cada vez mais longínquo, porque só consigo pensar quando vais chamar por mim, quando vais dar o sinal de que precisas de mim, como tens feito nas passadas e inúmeras noites. Porque eu tenho de estar lá, eu preciso de estar lá.
Estás aqui mas quase que já não estás. Vais-te afastando, como se te estivesses a despedir aos poucos.
Sofres mas eu não consigo amenizar a tua dor, porque tenho medo que te deixem ir e eu quero que fiques.
Porque és a minha única companhia. Porque és o ser que simplesmente está presente e que  me acalma, que me abstrai dos dias menos bons. Porque és o peluche que me dá aconchego.
Dizem: "mas é só um gato". Eles não sabem mesmo o que dizem. 
Eles não sabem o que é afeiçoarmo-nos a um ser como tu, a habituarmo-nos à presença constante durante anos e anos (14). Ver-te crescer, criar-te, brincar contigo, educar-te, adormecer contigo e acordar de igual forma. Tratar-te como uma criança que sempre foste. O ser ternurento que sempre precisou de carinho, de atenção, de companhia.
Mas ver-te envelhecer, dói. Limpar todas as asneiras que fazes sem conseguir ficar chateada e só frustrada, dia após dia... Ouvir cada miar diferente e reconhecer que é porque estás mal, que algo não está bem, que é isto ou aquilo... Apenas dói.
É chegar a casa e viver para ti, porque o que eu quero mesmo é que vivas.
Eu sei que não tem sido fácil, mas, por favor, aguenta só mais hoje.
Eu preciso de ti.
Ainda não estou pronta para te deixar ir.

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Desintoxicar

Estou com um aperto enorme no peito e ele insiste em não ir embora. Desde que acordo até que me deito.
 Não há motivação para me levantar da cama, não há motivação para ir para o trabalho, ver pessoas, sorrir para as pessoas como se estivesse tudo bem. Não há motivação para dar um único passo, não há motivação para olhar para nada a não ser manter os olhos abertos e olhar para o chão. A minha cabeça não se levanta.
 Hoje desabei, uma vez mais. Hoje disse em voz alta aquilo que tanto tinha medo de dizer. Hoje eu contei a alguém porque hoje eu não aguentei mais.
 Não há paciência que me ature, nem pessoa que me aguente ter por perto.
 Sou o abismo em pessoa. Sou a solidão e sou o atormento. Sou aquela pessoa tóxica que sempre quis manter longe de mim. Tornei-me nela e não estou a conseguir fugir.
 Quero sair daqui... Preciso. Mas não sei em qual direcção dar o passo. Mas preciso tanto de o dar.
 Desintoxica-me porque eu sozinha não consigo. E sinto que nunca o irei conseguir.
 Eu sei. Ou dou um passo ou fico no chão.
 Não me consigo mexer. Vou ficar por aqui.
 Só mais cinco minutos... até que não restem mais cinco minutos para pedir.
 Até que o tempo termine.
 Até que eu me acabe.

sábado, 18 de fevereiro de 2017

15:13

Diz-me o que vês.
Diz-me o que vês quando olhas para mim… Quando sorrio, solto uma gargalhada ou mexo as mãos como se elas falassem mais do que a minha própria boca.
Diz-me o que sentes quando estou calada e mal me mexo, quando solto aquele “hm” que não diz nada. Quando me limito apenas a existir.
Diz-me quem achas que eu sou quando nem eu sei, quando digo que não me conheço e teimo em achar que nunca vou conhecer…
Apenas diz-me.
Diz-me o que pensas quando estou parada no tempo a olhar para o nada e estou a pensar sobre tudo, quando estou a pensar em ti.
Diz-me tudo o que pensas e eu dir-te-ei como funciono.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Carta de ti para mim

Desculpa. 
Desculpa por teres sido magoada antes e mesmo assim te teres permitido a abrires-te a mim, com todas essas tuas mazelas, com todas essas tuas inseguranças, com todas essas tuas paranóias, que eu deveria ter segurado como tentaste segurar as minhas, mas ainda assim eu fui uma merda e saltei do barco. 
Desculpa todas as palavras que te fiz levar a sério, ou todos os segundos que te fiz perder com esses sufocos no peito, ou por todas aquelas insónias que eram a tua melhor companhia naquelas noites. 
Desculpa por todos os verbos que conjuguei no futuro como se eles fossem tão certos como era o presente naquela altura (pensavas tu...). 
Desculpa por num dia ter dito que sim e logo no outro já não saber de nada.  
Desculpa ter dito que iria estar lá, quando não estive. Ou quando mesmo assim me procuraste e eu te neguei tudo, até o que podia ter ficado.  
Desculpa por todo aquele orgulho que tu não tiveste, ou aquela falta de amor próprio, e foste atrás uma e outra vez e eu mesmo assim simplesmente não quis saber. Como se fosse a coisa mais fácil do mundo...  
Desculpa só ter dado valor depois de ter perdido.  
Desculpa o clichê do "quem me dera ter sido doutro jeito" ou "quem me dera poder voltar atrás". 
Desculpa ser mais uma pessoa que em todos estes anos te fez sofrer um pouco mais.  
Desculpa ter sido um alimento para os teus traumas.  
Desculpa dizer-te isto e não ser pessoalmente. 
Desculpa fazer-te acreditar que sinto culpa, quando se calhar só tenho saudades dos momentos e estou carente. 
Desculpa... mas não me desculpes. Não mereço. 
Corações grandes perdoam, mas nunca esquecem. 
 Eu desculpo(-te/vos). Apenas não quero mais saber.

...

Sou o excesso. Sou transbordos infinitos. 
Sou o não conter, o não calar, o querer sempre mais. 
Sou o silêncio, o sossego, o controlo. 
Sou o que tu queres ver e não sou minha. 
Sou o que quero e ninguém me vê. 
Sou a alma despida em que tu não páras o olhar para observar, mas vais olhando. 
Sou a que passa despercebida na multidão. 
Sou o sujeito inexistente mas que está sempre presente. 
Sou a que não é observada mas que te observa. 
Sou o movimento no mesmo lugar. 
Sou o ser cheio de vida que se sente morta na maior parte dos lugares. 
Sou a que procura constantemente aquilo que umas vezes acha, mas perde sempre. 
Sou a revolta, o drama, o vazio, o erro. 
Sou a mente barulhenta que ninguém ouve. 
Sou o coração que vive de emoções, a alma que pede por experiências. 
Sou a incompreendida. 

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Entre quatro paredes

Faço do desejo, desejo. Da devoção, devoção. E entrego-me. Entregamo-nos.
Somos um só, ali, dentro daquelas quatro paredes.
Somos o desejo carnal, somos a inspiração, somos a intimidade, somos o orgasmo, somos o sexo bruto, somos as mais quentes fantasias na maior pura das realidades.
Somos a felicidade em dois corpos suados.
E vimo-nos. Uma e outra vez.

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Loneliness

O meu pai disse-me: "É normal sentires-te sozinha, é normal chorares. Eu chorei muito." - e nesse momento o meu coração partiu-se em pedaços e eu sorri com aquele brilho nos olhos de quem está quase a explodir e disse "Custa, custa muito mas eu aguento".
Porque o sol põe-se todos os finais de tarde mas nasce todas as manhãs.
E eu posso não ter ninguém que me dê um bom dia agora, mas sei que esse dia chegará.
E amanhã é um novo dia. 

domingo, 28 de agosto de 2016

!

Somos cheios de vida, com tanta perda que temos dela. Caminhamos, vamos além. Ficamos parados e observamos. Somos um constante movimento. Se não for em volta do mundo, é em volta de nós mesmos. Cheios de nada, vazios de tudo. E vamos sendo e vamos criando isto que temos aqui, sem saber ao certo o que é. Ou a saber exactamente aquilo que é. 
Caminho sempre aos S's porque não sei ser certa. Não sei ser constante. Não sei ser definida, tão pouco definitiva. Mudo-me um pouco mais, todos os dias. Tem dias que gosto de mim, tem dias que me detesto. Tem dias que não me entendo - e são tantos. 
Perco-me em mim de tantos mundos que tenho aqui dentro. Sou bela, sou feia. Mas sou sempre incrível.
E vivo neste mundo com todos estes mundinhos dentro e adoro. Estar comigo é estar bem. Ser só, ser a minha própria paz. A minha própria luta.
Sou uma luta constante de mim porque ainda não me encontrei. E sinceramente não sei se me quero encontrar, porque perder-me é não parar. A procura saciante. O cansaço que me faz dormir à noite.
Sou um ser com a alma fucked up completamente aleatória. Ando por aqui sem saber a fazer o quê. Mas enquanto andar, ando bem.
Que o tempo não pare e que eu não pare no tempo. Mas que nada passe depressa demais. Gosto de enxergar bem as coisas, as pessoas. Tudo ao meu rodor. Tudo o que existe e passa por mim.
É importante sermos e é importante estarmos conscientes que realmente somos.
Eu existo e tu existes também. 

domingo, 17 de julho de 2016

Quarto escuro

 Há dias em que o tempo pára e o vazio faz-se de casa, sem porta de saída ou janela para que se possa saltar fora. Fugir. 
 Há dias em que ficar deitada imóvel, parece ser tudo o que dê para fazer. Porque não há quem te agarre, quem te puxe. Não há força, não há vontade. 
 Há o sufoco, há o sentir do coração a bater da cabeça aos pés, há os apertos constantes no peito, há a dor e o tremendo nó na garganta. Mas nada sai... Não há expressões, não há explosões, não há o deitar para fora, o soltar e deixar ir. Nada se solta e tudo se prende, porque nada quer sair daqui de dentro, simplesmente
 Logo eu, com tanto para deitar cá para fora, com tanto para dar, doar, dançar e gritar... fico parada, presa. 
 Afogam-me e atiram-me ao abismo. E eu nado e eu escalo, mas vencem-me pelo cansaço, pela fraqueza, pela fragilidade. 
 Dominada pelos pensamentos, assombrada pelos sonhos. 
 Cá dentro não é seguro, não há paz, mas tudo bem... por fora está tudo bem.